É um facto que os eventos e animação turística promovem destinos e os nossos oradores reforçaram essa ideia através dos seus exemplos.
Anabela Afonso, comissária do Programa Cultural 365 Algarve demonstrou-nos através da visualização de filmes comentados como os eventos não só atraem turistas como envolvem moradores. Apresentou-nos exemplos de eventos que propositadamente foram realizados em locais mais isolados do Algarve como forma de dinamizar esses mesmos destinos.
Jorge Teixeira, da Run Porto (empresa de organização de eventos desportivos), é um exemplo de como uma paixão que o pôs a correr aos 32 anos se pode tornar num motor motivacional determinante para este empresário dinamizar uma cidade, cativando turistas nacionais e internacionais à cidade do Porto para as corrida aqui criadas (a Run Porto organiza mais de 20 eventos por ano no grande Porto). Só no ano de 2019, mais de 110.000 pessoas participaram estas corridas sendo na sua grande maioria turistas que se deslocam à cidade propositadamente, muitas vezes acompanhadas, e que aqui permanecem uma média de 3,9 dias usufruídos dos vários serviços que a cidade oferece.
Maria João Fonseca, empresária da Vertigem Azul (empresa de animação turística e operadora marítimo turístico de Setúbal), partilhou a experiência de ter dinamizado um destino oferecendo a experiência de ver os golfinhos no seu habitat natural. Fê-lo como uma empresa pioneira. Deu um exemplo de como o destino em termos institucionais não soube gerir o crescimento das empresas do sector no local. Partilhou de forma emotiva a incógnita do destino que lhes cabe, numa altura em que as dragagens no Rio Sado colocam em causa a permanência dos Golfinhos no Sado e consequentemente a subsistências de várias empresas de animação turística que vivem dos passeios no Rio Sado.
Álvaro Covões, empresário da Everything is New reforçou que os eventos podem ser um motivo para visitar um destino ou o complemento que acresce valor à experiência de visita do destino (e deu o exemplo dos concertos da Madonna e de alguns outros eventos onde uma boa fatia dos participantes era internacional). Lançou o pensamento às empresas de eventos para abrirmos fronteiras em termos de comunicação, pois há mercado e interesse.Nas apresentações ficaram no ar as sinergias entre empresários e destinos que existem, mas principalmente as que faltam e que colocam em causa quer as empresas quer os destinos. E mais uma vez ficou o sentimento de falta de apoio institucional em muitas das iniciativas que dinamizam destinos. Os empresários não se queixam dessa falta de apoio: as empresas ressentem-se quando são mal tratados e o que recebem das instituições públicas são impedimentos constantes e taxas elevadas. Fechámos o painel a sermos desafiados a abrir a mente em termos de fronteiras pois as distâncias de algumas cidades vizinhas são curtas… e mesmo não sendo, com os voos low cost passam a sê-lo.
O desconhecimento da legislação em matéria fiscal e laboral não desonera o empresário do cumprimento das obrigações adstritas ao sistema tributário e regulatório do sector, nas suas mais diversas figuras e expressões;
Para o efeito devem os agentes económicos, operadores individuais, colectivos, profissionais liberais e prestadores de serviços diversos procurar apoio na sua associação, in casu, APECATE, ou através da colaboração conjunta com as entidades reguladoras do sector;
Num debate onde não existem os antónimos do “Nós” e do “Eles”, a promoção do sector, o seu desenvolvimento e crescimento endógenos devem ser alcançados, em consonância com o cumprimento cabal do pagamento dos impostos e contribuições devidas, a par e passo com a simplificação das referidas obrigações;
O Orçamento do Estado para 2020 apresenta um conjunto de medidas que são importantes para o sector e que devem ser conhecidas por todos, entre elas, a dedução a 100% do IVA suportado na aquisição de eletricidade utilizada como combustível em viaturas elétricas ou híbridas plugin, ou mesmo o aumento do limiar para efeitos da isenção de IVA prevista no artigo 53.º do Código deste imposto, dos atuais 10.000 Euros para 12.500 Euros;
Contabilistas, advogados, consultores e órgãos associativos são actores fundamentais no desenvolvimento do sector em conjunto com o tecido empresarial existente. Em complemento às conclusões e para pormenores práticos, deverão ser consultadas as apresentações quer da Dra. Tânia Ferreira, quer do Dr. Carlos Montemor.
O painel da sustentabilidade foi bem acolhido pelos participantes, o que pode ser explicado pelo efeito de interação entre a qualidade dos oradores e o interesse genuíno dos associados da APECATE pelo tópico.
No painel foram apresentados exemplos de boas práticas das empresas de coasteering em Inglaterra, que podem ser transpostas para a realidade portuguesa. John-Paul Eatock, do National Coasteering Charter (UK) referiu-se ainda ao modo como as organizações locais, mais ou menos homólogas do National Coasteering Charter, poderão contribuir para a concertação de esforços para que as empresas se envolvam nestas práticas.
A palestra da professora Milena Nikolova, da Adventure Travel Trade Association, sobre o overtourism, foi muito bem acolhida por todos os presentes. Esta favorabilidade decorre da sua perspetiva holística sobre o tema, o que a afasta das abordagens simplistas, mas também pela apresentação de propostas estratégicas para a mitigação. Note-se que a perspetiva da professora também é dinâmica, isto é, faz depender a gestão do overtourism (I) da capacidade do destino e do volume de turistas, (II) do alinhamento entre o tipo de turistas e as características da oferta e do (III) alinhamento entre os comportamentos dos turistas com as normas sociais e culturais do destino. A professora Milena sublinhou ainda o papel ativo que as empresas de animação e eventos podem ter na gestão do overtourism, não só através da diversificação da sua oferta, como da introdução de esforços para o alinhamento dos comportamentos dos turistas com as normas locais.
Leonor Picão, do Turismo de Portugal, salientou a importância das empresas turísticas alcançarem certificações ambientais, pois considera que são instrumentos importantes, não só para as empresas desenvolverem as práticas que ainda necessitam para se posicionarem num patamar elevado em matéria de sustentabilidade, como para comunicarem eficazmente os seus valores e consolidarem a sua reputação. Salientou vantagem que estas diligências apresentam na certificação do próprio destino. Leonor Picão referiu que a importância atribuída pelo Turismo de Portugal à certificação da sustentabilidade faz com que na atualidade sejam disponibilizados serviços que permitem fornecer às empresas informação sobre as certificações e os procedimentos para alcançá-los, entre os quais atendimento telefónico. Salientou ainda os incentivos financeiros com que as empresas podem contar atualmente e no futuro, para se implicarem na certificação.
Paulo Gomes, da SGS Portugal salientou a possibilidade dos empresários poderem alcançar as certificações sem recorrerem ao serviço de consultores especializados, referindo que, em particular as pequenas empresas, podem não só extrair vantagens económicas com este procedimento, como também em termos de criatividade, só possível de ser alcançada pelo total conhecimento do negócio.
Neste painel ficou claro que, num momento em que a sociedade valoriza a atuação sustentável das empresas turísticas, estas podem alcançar vantagem competitiva se a internalizarem na sua estratégia de negócio. A adoção de boas práticas validadas noutros contextos, a implicação na adoção de sistemas de gestão ambiental, com a aquisição das respetivas certificações, e a captação de turistas alinhados com valores e normas do próprio destino são, sem dúvida, práticas a ter presente.
Aprofundar o conhecimento técnico-científico sobre a temática dos congressos e eventos (Consensualizar o conceito de evento; Identificar as diversas tipologias de eventos; Delimitação do subsetor; Definição da sua vocação turística)
Caracterizar a oferta disponível e o perfil dos empresários e das empresas de congressos e eventos
– Caracterizar a atividade das empresas de congressos e eventos
– Analisar o perfil dos empresários das empresas de congressos e eventos
Avaliar o impacto económico das empresas de congressos e eventos
Criação da plataforma de registo das empresas de congressos e eventos
Definição de critérios claros para a integração de empresas na atividade de organização de eventos
Foi falado sobre um tema actual onde está a acontecer uma transferência de competências para as autarquias. Falou-se na forma como a AMN vai continuar o seu trabalho de garantia da segurança marítima e como as autarquias estão a reorganizar os seus serviços para alargar às diferentes áreas objecto da transferência. Como é um processo ainda recente, houve apenas declarações de intenções dos participantes em criarem as estruturas e dotarem os serviços das competências certas para poderem operacionalizar todas as questões objecto da transferência. Houve várias perguntas sobre a operacionalização, especialmente na gestão das praias, mas não houve resposta objectiva por ainda estar em análise.
Erik Seedhouse, João Correia, e João Carlos Currito falaram-nos dos seus projetos em áreas tão distintas como o turismo espacial, o resgate a animais marinhos ou o desenvolvimento de produtos premium usando um produto endógeno do território algarvio – a Alfarroba. Estes projetos mostraram ter em comum a gestão de risco, o posicionamento diferenciador e a capacidade de inovação e diferenciação num mercado cada vez mais concorrencial. Todos estes termos são comuns à atividade dos Eventos, Congressos e Animação Turística e podem ser apropriados pelos seus empresários para posicionar o seu negócio.