Desafios da retoma

Espaço APECATE da edição 40 da Event Point.

Tendo a APECATE empresas de dois setores diferentes, embora algumas vezes complementares, a retoma iniciou‑se em duas alturas diferentes: enquanto as empresas ligadas à Animação Turística iniciaram a retoma em junho/julho, nomeadamente com as atividades ligadas ao ar livre, para as empresas ligadas aos Congressos e Eventos a retoma só se iniciou em setembro/outubro.

Apesar do alívio das medidas decretadas pelas autoridades governamentais, em particular as implementadas a partir de 1 de outubro, permitir que as empresas retomem o seu trabalho o mais “normal” possível, muitos são os desafios a ultrapassar, nomeadamente:

1. A comunicação da alteração das medidas de confinamento que impedia o regular funcionamento das nossas empresas foi sempre feita de forma tardia e sem a clarificação que se exigia, levando à impossibilidade da programação necessária;

2. Tendo as equipas estado mais de 18 meses em teletrabalho, mesmo aquelas que se adaptaram a novas alternativas e conseguiram assim sobreviver com alguma tranquilidade, perderam as rotinas necessárias para voltarem de imediato às atividades presenciais;

3. A reabertura foi feita de tal forma que todos os clientes pretendem realizar os seus congressos e eventos no mais curto prazo possível, levando a que já não existam espaços nem datas disponíveis para os realizar, voltando a pôr a “nu” a falta de espaços necessários à realização de congressos e eventos, em especial os de maior dimensão;

4. Os diversos fornecedores de serviços para esta área estiveram quase totalmente parados durante um ano e meio, com as suas equipas em casa e a receberem integralmente os seus salários, graças ao lay off simplificado; tendo esta sido uma medida essencial para a sobrevivência de muitas empresas e pela qual muito a APECATE lutou, leva a que parte dos colaboradores mais indiferenciados destas empresas não tenha vontade de voltar a trabalhar no “duro” e crie graves problemas de produtividade, o que acaba por se refletir no sucesso das nossas atividades, sejam elas de animação turística ou na organização de congressos ou eventos.

5. Por último, o governo continua a adiar desde julho de 2020 os apoios às empresas do nosso setor; anunciado inúmeras vezes, com a pompa e a circunstância a que já há muito nos habituaram, o apoio à captação de congressos e eventos continua no papel… Apesar de nossos empresários já se terem habituado à falta de apoio por parte das entidades governamentais, numa altura em que tanto se fala dos milhões do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], não será a oportunidade de haver um apoio direto à recapitalização das empresas, tornando‑as assim mais fortes e mais competitivas? Ou iremos assistir novamente à distribuição das verbas europeias pelos “amigos” do costume, em obras que, no mínimo, são discutíveis do ponto de vista da sua necessidade, desperdiçando assim mais uma oportunidade de avançarmos como país? A recuperação de algum do nosso atraso em relação à Europa onde nos inserimos só será conseguida se tivermos empresas viáveis e produtivas e não apenas com mais Estado.


A grande maioria dos empresários desta área estão a dar o seu melhor para retomar a atividade em pleno, contribuindo, como no passado, para o crescimento do PIB português; no mínimo, o que exigimos é que diminuam os entraves burocráticos a que somos sujeitos todos os dias, particularmente quando pretendemos fazer algo diferente do standard, e que sejam implementadas as medidas legislativas necessárias para o fortalecimento das empresas, privilegiando sempre a busca pela melhor qualidade.

Esperemos que a saída desta crise não seja mais uma oportunidade perdida, donde não se tirem as devidas lições, e que finalmente se implementem questões de fundo, adiadas há muitos anos, como, por exemplo, a implementação do registo de empresas de congressos e eventos.

Espaço APECATE da edição 40 da Event Point. Tendo a APECATE empresas de dois setores diferentes, embora algumas vezes complementares,…